¿Música? 18 [05/06]

Programa 3
05/06/2023

Lucca Totti - uma parte de céu, uma faixa de terra
composição improvisada para computador/eletrônica

Valéria Bonafé e Paulo Assis - i-131
i-131 é uma peça de Valéria Bonafé que tem sido trabalhada desde 2017, em camadas e ciclos, e sempre em colaboração com Paulo Assis. Em sua primeira versão, a peça contava com um bombo sinfônico em destaque, um conjunto instrumental fora de cena e uma faixa eletroacústica, composta quase integralmente por vozes faladas. Numa segunda versão, as partes destinadas ao conjunto instrumental foram realizadas vocalmente e incorporadas na faixa eletroacústica, resultando numa versão apenas para bombo solo e tape. Hoje, o que vamos escutar é uma terceira versão da peça, inteiramente acusmática, na qual o bombo também foi integrado no mundo eletroacústico. Nessa versão, a mixagem foi realizada em ambisonics, visando valorizar a independência e a espacialização das camadas sonoras da peça. A difusão contará com processamento em tempo real para ajuste ao auditório.

Vozes faladas: Cristina Maria Bonafé, Daniela Bonafé, Margarete Maria Bonafé, Maria Angélica Bonafé, Maria de Lourdes Bonafé, Maria Izabel Bonafé, Mariana Bonafé e Valéria Bonafé // Vozes cantadas: Valéria Bonafé // Bombo: Vinicius Portes // Gravação, mixagem e masterização: Paulo Assis (LAMI e Audioclicks).

Cássia Carrascoza, Vitor Kisil, Horácio Gouveia - Presença
Presença (2022) é uma composição colaborativa que se propõe a criar uma ponte entre diversos aspectos que integram a música de concerto contemporânea, como a música eletroacústica, a composição audiovisual e a improvisação. Cássia Carrascoza e Vitor Kisil propõe uma reflexão poética sobre o olhar, a natureza e os espaços de criatividade que integram as nossas percepções. Para esta apresentação, contam com a ilustre participação do pianista Horácio Gouveia.

Gabriel Lemos - re_plica vocalis
Comissionado pela Casa da Cultura do Parque (São Paulo-BR) em 2022, re_plica vocalis é um vídeo que explora diferentes formas de representação da voz humana. Seja pela referência a textos sacros ou no contexto da pesquisa científica, a obra utiliza sons, textos e imagens para animar um trato vocal sintético. Os sons foram sintetizados por redes neurais e sincronizados com imagens saturadas que remetem a exames médicos de endoscopia. A composição é um convite ao espectador para testemunhar as mudanças de um coro fictício em busca de sua voz.

André Martins, Paulo Assis e Miguel Diaz Antar - We Play 3 pra 1
Trata-se de uma performance em trio que explora as interações entre os músicos tocando uma máquina híbrida: um instrumento experimental composto por um upright bass e uma guitarra elétrica, ambos com sensores giroscópios incorporados e conectados ao mesmo dispositivo eletrônico de processamento ao vivo. Assim, a performance explora a simbiose de três performers tocando o mesmo instrumento. Suas ações têm consequência direta no som resultante, desafiando cada músico com instabilidade e interferência.

Fernanda Vaidergorn - estudos de som e espaço
as peças tratam de uma investigação sobre os limites e fricções da percepção sonora e espacial através de suas representações e traduções.

GPI - Grupo de Práticas Interativas do NuSom - Árvore dos Cantos Organológicos
I. Davi Kopenawa nos conta que os cantos dos espíritos xamânicos Yanomami têm sua origem em árvores conhecidas como Amoahiki. Os espíritos pássaros se aproximam da árvore e a escutam com muita atenção, coletando os sons em grandes cestas. O depoimento de Kopenawa nos inspira a imaginar a origem dos sons instrumentais em uma árvore metafórica que respira de modo sobre-humano e gera frutos com sementes da organologia. Fluxos de ar, eletricidade e informação digital percorrem o tronco de PVC. Bexigas de festa guardam cantos em seu interior, dissipando-os pelo ambiente quando acionadas.

II. Apenas um delírio lúdico de 3 artistas-pesquisadores que dão grande importância aos processos experimentais. Orientados por uma ética investigatória, usam seu escasso tempo disponível (quando não imbuídos da auto-sobrevivência no hipercapitalismo contemporâneo) em buscas que correlacionem conhecimento técnico com liberdade estética. Um ato de resistência artística e lúdica numa sociedade onde tudo (e todos) é produtificado e voltado para a alta performatividade técnica.

III. Uma exata mistura de chorofompila com chinforínfola.